terça-feira, 22 de novembro de 2022

O MEU TRANSPLANTE CAPILAR - 7 DIAS DEPOIS

 Ao 3º dia de transplante, aconteceu o esperado. A minha cara inchou completamente. Tanto que as minhas pálpebras quase que fecharam por completo. Só não foi mais assustador porque o Dr Rui já tinha avisado que esta desfiguração da face ia acontecer. Não doia. Apenas era pouco estético. Ainda bem que era feriado e dou graças por ter ficado em teletrabalho nesta semana.O inchaço passou no 6º dia mas o pior dia foi mesmo esse 3º dia.

Continuei com dores na zona da costura, nada de incapacitante e sempre medicada. Era mais a sensação de aperto, como se tivesse feito um rabo de cavalo imensamente apertado e andado com ele um tempo. Ou como se o cabelo tivesse ficado preso atrás do casaco. É uma sensação estranha.

Aquilo que me tem incomodado mais tem sido uma dor no couro cabeludo entre a costura e o implante. Esta dor começou a meio da cirurgia e tem sido extremamente incomodativa. Dói ao toque mesmo deitada na almofada que até troquei por uma mais fofinha. E por vezes dói mesmo sem tocar. O Dr Rui diz que pode ser uma disestesia (alterações de sensibilidade) que passa com o tempo mas quer ver-me na 5ª feira, ao 11º dia. Fico mais descansada.

Lavar o cabelo 2 vezes por semana é uma seca. Uso secador mas como tem de ser afastado do couro cabeludo e quase no frio, estou a secar o cabelo uma data de tempo. Mas tem de ser.

As crostas ainda estão na zona implantada mas já se sentem uns cabelinhos minúsculos.




O meu transplante capilar - COMO COMEÇOU

Fiz no dia 3 de Outubro um transplante capilar.

Mas antes de explicar o procedimento, vou explicar um bocadinho quais os motivos que me levaram a fazê-lo.

 

ALOPECIA ANDROGENETICA

Quando tinha 18 anos, provavelmente devido ao stress da entrada na universidade, tive vários problemas. Além de me ter aparecido o vitiligo que já mencionei, tive uma queda de cabelo para lá de gigante. Na altura, a minha mãe assustada, depois de me levar a um dermatologista que identificou de imediato ser alopecia androgenetica, levou-me a uma clinica capilar onde se faziam "tratamentos" para a queda de cabelo. Na altura não se falava sequer em medicações por isso nunca se falou em tratamento medicamentoso. Nesta clinica onde ia, o tratamento passava por colocarem um produto no cabelo que depois era estimulado através de uma máquina que dava pequenos choques eléctricos no couro cabeludo. Era um tratamento super desagradável e incomodativo mas, com 18 anos eu fazia o que me dissessem para fazer. Não queria era ficar careca. Adiante, a queda de cabelo abrandou, mas o cabelo que caiu já não voltou. E eu, durante 30 anos, adaptei-me a esta condição. Os penteados eram limitativos, tinha de usar risca sempre para o mesmo lado e pentear de forma a disfarçar a falta de cabelo. Resultou, pois na verdade, quando eu disse que ia fazer um transplante capilar, houve quem ficasse surpreendido pois nunca tinham reparado na falta do mesmo. Mas para que não haja duvidas, vou colocar aqui no blog, umas fotos da falta de cabelo, até para servir depois de comparativo, daqui a um ano.

ANTES DO TRANSPLANTE DE CABELO


COMO DECIDI FAZER O TRANSPLANTE?

Como referi, durante 30 anos convivi com a minha falta de cabelo. No entanto, nunca foi algo que tivesse aceite com muita facilidade. Tive sempre muita pena de não ter cabelo e principalmente na altura do Verão ou a fazer exercício, eram alturas que me deixava algo incomodada. No Verão, na praia e na piscina, andava SEMPRE de fita no cabelo, incluindo quando ia à agua. Primeiro porque como não tinha muito cabelo, a zona frontal do couro cabeludo apanhava muito facilmente escaldões. segundo, porque o meu cabelo depois de vir da água não vinha com beach waves como na maioria das pessoas, vinha com os poucos cabelos que tinha colados à cabeça, disformes tipo farrapos. Era feio.Quando fazia exercício não usava fita, mas tinha de atar o cabelo e suava imenso. O cabelo à frente ficava tipo farrapo. Foi então que ao pesquisar sobre transplantes de cabelo, recebi dezenas de notificações de clínicas de transplantes, algumas meio duvidosas, MAS apareceu-me um destaque no blog da Beautyst  que falava da experiência da Joana, a autora do blog, ao fazer um micro transplante capilar. A Joana era seguida na especialidade "tricologia" por um especialista nesta matéria, o Dr Rui Oliveira Soares, que dava consulta na CUF Descobertas. O caso dela parecia tanto com o meu que li e reli tudo o que ela escrevia no blog sobre alopecia, medicação, transplante, etc. Foi com ela que percebi que havia tratamento medicamentoso para esta condição, coisa que até à data nenhum dermatologista me tinha referido. Verdade que desde os 18 anos, nunca mais consultei ninguém nesta matéria, mas porque estava quase como conformada com o facto de não ter cabelo à frente. Resolvi nessa altura marcar consulta com o Dr Rui. Estavamos em Setembro de 2021. Ri-me com o facto de só ter conseguido consulta para Março 2022. Pensei mesmo... até lá já nem me lembro que voltei a pensar no cabelo. Mas o tempo passa e lá chegámos à consulta.



 

 

O meu transplante capilar - O DIA DA CIRURGIA

3 de Outubro de 2022 - O dia que resolvi fazer por mim, uma coisa meramente estética mas que vai fazer muito feliz

Se estava nervosa? Não vou mentir. Estava. Quem estava ao pé de mim talvez não tivesse percebido pois eu até escondo muito bem estas fases mais nervosas, mas sim. Estava nervosa. Na verdade não sei bem porquê pois já tinha lido e relido tudo sobre o procedimento no blog da Beautyst. Ela explica muitíssimo bem, é super direta, sem floreados e muito visual, ou seja, mostra, sem preconceitos TODOS os passos da cirurgia, mesmo aqueles que podem suscitar mais impressão. E eu gostei disso, pois já sabia ao que ia. Mas isso não impediu que estivesse ansiosa. Na noite anterior quase nem dormi mas percebi pela conversa das enfermeiras quando cheguei, que era muito normal. Acordei, tomei o pequeno almoço (coisa que não costumo fazer, mas obrigatório tomar neste caso) e apanhei um taxi para a CUF das Descobertas.

Cheguei às 8h da manhã, fui encaminhada para os cacifos e guardei os meus pertences. Despi-me da cintura para cima e vesti as batas que me deram. Sentei-me num cadeirão e mediram-me a tensão... Estava com 15-9, altíssima para mim. Ultimamente a minha tensão anda assim. Tanto posso ter tensão de passarinho como ter picos de tensão alta. Mas, independentemente da tensão que temos, a não ser que já estivesse baixíssima, dão-nos um cocktail de comprimidos. Um comprimido para baixar a tensão, um ansiolitico para me acalmar e um analgésico. Depois de uns 10 minutos se tanto, dirigi-me para o bloco. Com o Dr Rui estavam umas 3 enfermeiras e uma médica a acabar o estágio. O Dr Rui viu primeiro a área dadora e foi explicando tudo o que estava a fazer. Disse que a minha área dadora era média, ou seja, não era excelente como costuma ser a dos homens, mas não era má. Rapou-me uma parte do cabelo atrás (que fica escondida com o resto do cabelo) e depois, com uma máquina vibratória anestesiou-me toda essa linha rapada. Fez-me um corte e tirou umas tiras de pele com os folicolos capilares que depois iam ser implantados na zona frontal. 

 


 

Enquanto me cozia, as enfermeiras iam separando os folicolos e marcou depois na zona frontal onde tenho menos cabelo, o sitio onde os mesmos iam ser transplantados.

Voltou a anestesiar-me a zona frontal da mesma forma que fez atrás, fui à casa de banho e depois deitei-me na marquesa de barriga para cima para poderem começar a implantar os folicolos. 

Todo o procedimento correu super bem. As enfermeiras e o Dr Rui estiveram sempre a conversar comigo e uns com os outros, ouvíamos musica, comentávamos as canções, falávamos de férias, viagens. Estive sempre bem disposta. A meio ainda me levantei para ir novamente à casa de banho. Sou sempre uma mijona matinal. Já no fim, estava a ficar com frio, foram buscar-me uma manta e taparam-me. Fui super bem tratada por toda a equipa, o Dr Rui, a enfermeira Márcia, a Angela, e perdoem-me mas não decorei o nome das outras. 

O procedimento durou cerca de 4 horas. Segundo o Dr Rui foi o tempo mínimo de uma cirurgia destas pois correu super bem, sem sangramentos nem nenhuma outra condição que pudesse atrasar. Além disso, segundo o Dr Rui, o meu couro cabeludo também estava muito bem tratado e receptivo ao procedimento o que tornou tudo muito mais fácil. 

Quando acabou, deram-me um croissant e um sumo e mais um analgesico. O Dr Rui veio ter comigo e deu-me uma lista com TUDO o que devo esperar do pós transplante e TUDO o que devo e não devo fazer nos próximos dias. Fez-me também a prescrição daquela que vai ser a minha medicação para a vida, se quiser manter o resto do cabelo e receitou-me o analgesico para os proximos dias e um antibiotico de 3 dias. 

Voltei ao cacifo para despir a bata e vestir a camisa (é aconselhável levar-mos uma camisa ou blusa com botões para não magoarmos sem querer a cabeça. 

Chamei o meu marido para me vir buscar pois não é aconselhável irmos conduzir após este procedimento.



Ah, embora no dia a dia use lentes, achei por bem levar óculos pois avisaram-me que depois da cirurgia, era normal a zona da testa e pálpebras incharem. Não quis arriscar depois custar a tirar as lentes e levei logo óculos.



O meu transplante capilar - A DECISÃO

Como referi aqui, desde os 18 anos que tenho alopecia androgenetica. Em Março de 2022, resolvi, após 30 anos do primeiro diagnóstico, voltar ao médico e tentar perceber quais as alternativas que tinha. Vou ser muito sincera. Sai da consulta com um misto de desilusão e compreensão. Engraçado pensar nisto agora pois neste momento, percebo perfeitamente o sentimento que tive.

O Dr Rui com uma máquina esteve a ver o meu cabelo. E disse o que, obviamente, eu já sabia. Alopecia Androgenética. E depois, foi o modo como me disse. O cabelo que caiu, já não cresce. O resto do cabelo tem tendência a cair pois é genético. Tratamento existe apenas para MANTER o cabelo que temos o mais possível. A única solução para voltar a ter cabelo seria o transplante. A decisão era minha. Disse-me logo que, no meu caso, seria um transplante médio de cerca de 1500 unidades, disse-me logo quanto custava, tudo muito direto mas sem qualquer imposição. Acho que foi este aspecto, o qual acabei por dar valor depois de pensar sobre o assunto, que me fez decidir. Ali estava um médico, direto, sem rodeios, sincero, sem insistir e sem dizer, Rita faça o transplante que vai ficar espectacular e é a melhor coisa do mundo e bla bla bla. Não. Nada disso. O Dr Rui NUNCA fez nada disso. Limitou-se a dar-me a medicação para tomar e que teve o cuidado logo de me alertar que... "atenção que a medicação que lhe vou dar é uma medicação que normalmente se dá para a próstata mas existem agora imensos estudos e resultados concretos que indicam que esta medicação tem muito bons resultados para  a alopecia androgenetica feminina". Disse ainda que tinha algumas contra indicações nomeadamente se quisesse voltar a engravidar mas, tendo em conta a minha idade e o facto de já ter encerrado a loja,  não se justificavam. Eu também já tinha lido sobre esta medicação no blog da Beautyst por isso aceitei sem reservas. Relativamente ao transplante, ainda fiz mais algumas perguntas, que o Dr Rui respondeu sempre no mesmo tom, como se não tivesse qualquer interesse no mesmo. A decisão era minha e a fazer era quando eu quisesse. Fosse daqui a um mês, um ano, ou dez. 

Vim para casa a pensar no assunto. Com aquele sentimento de por um lado, ter querido que me dissessem que o transplante ia ser a melhor coisa do mundo a fazer, por outro ter percebido que de facto a decisão era minha e não podia dizer ter sido influenciada por ninguém. Ainda troquei alguns emails com o Dr Rui, questionando o porquê de me recomendar fazer um transplante médio, enquanto à Joana recomendou 3 ou 4 microtransplantes. O Dr Rui respondeu sempre com toda a sinceridade e super direto, referindo mesmo que " cada caso é um caso" e portanto NUNCA devemos comparar experiências ou condições genéticas sem conhecer o que está por trás. 

E foi então que, depois de falar com a família, decidi fazer o transplante. Como sabia que ia haver um período mais restritivo, sem desporto, sem sol, sem praia, no pós transplante, marquei com o Dr Nuno para dia 3 de Outubro.


terça-feira, 4 de outubro de 2022

VITILIGO

Sou uma pessoa que gosta de escrever e tenho alguns blogs consoante o meu mood e a altura da vida em que estou. Durante bastante tempo escrevi no blog dos pequenos nadas e a dada altura escrevi sobre o facto de ter Vitiligo. Uma vez que neste momento a minha pagina de instagram que mais uso é a deste blog, acho que faz sentido passar o artigo do vitiligo para aqui. Assim, reescrevo o que escrevi aqui, agora neste blog.


Um dia, tinha eu 18 aninhos, acabada de sair da praia, entro no carro, quando o meu namorado de então olha para mim com ar de espanto e diz-me... RITA, tens a cara toda manchada! Virei o espelho do carro para mim e vejo então uma enorme mancha branca e redonda no queixo. Não fazia ideia o que podia ser nem me lembro o que pensei na altura. Acho que esperei que passasse e que fosse apenas uma reação do sol. O dia passou, tomei banho, coloquei os cremes e a mancha continuava grande e assanhada no meu queixo. A minha mãe assustou-se. Naquela altura, disse-me ela depois, achava que eu podia ter uma doença tipo lupus. Olhava para as minhas faces pois do que ela tinha lido, o lupus dava também uma rosetas tipo borboletas na cara. Mas não. Não devia ser lupus. Que raio era aquela enorme mancha então? Era Verão, pleno Agosto e foi uma dificuldade para arranjar um dermatologista que desse consultas de urgência. Com bastante dificuldade, arranjámos um. Eu ia descontraida pois achava que aquilo não devia passar de um virus qualquer da praia, pois naquela altura até havia muita gente com uma coisa parecida com aquela que costumava afectar as costas. 

Foi com uma enorme surpresa, que o dermatologista logo que me observou, me dá o diagnóstico. VITILIGO. O que é isso? Perguntei eu. O Vitiligo é uma doença de despigmentação da pele. E eu: Mas vai ficar assim para sempre? E ele: "Isso se não aumentar. A tendência é para a despigmentação ir alastrando pelo corpo todo. Há pessoas que têm mais de metade do corpo despigmentado. E não há cura!" Naquela altura caiu-me tudo ao chão. Lembrei-me de imediato de uma miuda girissima que tinha sido colega de escola da preparatória mas de outra turma e que tinha precisamente mais de metade do corpo despigmentado, e que por isso era alvo de alguma chacota por parte de colegas desagradáveis. E a miúda que era gira, gira... Eu não era assim tão gira. Toda manchada... como é que ia ser? O que é que ia ser de mim? O meu namorado ia deixar de gostar de mim e todos na universidade iam gozar comigo. De repente, passou-me pela cabeça ser a mulher mais infeliz do mundo.. infeliz e FEIA!

O que os 18 anos fazem à cabeça de uma pessoa!

O médico dermatologista não foi nada meigo. Pintou mesmo o pior cenário possivel. Proibiu-me de apanhar sol. Sol só com protector de ecran total dizia ele. E nesse dia, acabou o Verão para mim. Pelo menos naquele ano. Foi dos Verões mais infelizes que eu já tive. HORRIVEL.

O tempo passou e como no inverno a mancha branca passava meio despercebida esqueci o problema. Ou melhor, não esqueci mas... adormeci o problema. No ano seguinte, consultei outro dermatologista. Esse dermatologista não pintou o cenário tão negro como o primeiro. Referiu que sim, tinha de ter cuidado, sim tinha mesmo vitiligo, sim o vitiligo podia alastrar... MAS... também podia não avançar mais. Tudo dependia da minha forma de estar e do stress envolvente da minha vida. Segundo esta dermatologista, o vitiligo era uma doença inimiga do stresse, ou seja... um episódio mais stressante ou traumatizante, podia fazer avançar a doença. Sol? Claro que sim. Continue a apanhar sol mas com as devidas precauções pois a pele como está branca tem tendência a queimar com mais facilidade e pode apanhar escaldões naquela parte da pele mais facilmente. - Dizia ela.

Ufa. Menos mal, pensei eu. Vamos lá então habituar-me à ideia de andar malhadinha. De vez em quando notava que me iam aparecendo mais manchinhas, nomeadamente nas virilhas, nas axilas, no peito e nos dedos das mãos... umas mais pequeninas... outras maiorzinhas. Tentei não ligar ao assunto e continuei a fazer a minha vida.

Quando acabei a faculdade, 4 anos depois de me terem aparecido as primeiras manchas, a evolução do vitiligo estabilizou, mas... começaram os problemas. Na faculdade nunca me tinham olhado de maneira diferente, nunca me gozaram e sempre me trataram como se nem vissem o Vitiligo. E nunca, mas nunca usava maquilhagem. 

Ao começar a trabalhar, comecei a sentir que as pessoas mais velhas olhavam para mim com ar de coitadinha, e não raras vezes me vinham perguntar o que eu tinha. Se tinha apanhado algum escaldão. Havia pessoas que sem nunca ter reparado que eu tinha manchinhas, de repente, olhavam para mim como se eu tivesse uma doença contagiosa e perguntavam que raio tinha na cara. Outras, querendo ser muito amigas (mentira) mostravam-se muito preocupadas, dizendo que eu tinha era de ir ao médico ver isso... por mais que lhes explicasse que ao médico já eu tinha ido, não valia a pena. Para estas pessoas eu devia ter qualquer coisa grave e era melhor ir ao médico imediatamente. Enfim... Foi de tal maneira chato que resolvi começar a maquilhar-me. Um dia, farta dos olhares descriminadores, entrei numa loja de maquilhagens e pedi ajuda para me disfarçarem o vitiligo. As bases e cremes eram carissimos e o meu jeito para maquilhagem nulo. Ainda assim, levei os produtos na esperança de conseguir embonecar-me como na loja de maquilhagem. E foi um sucesso. Deixou de haver descriminação e passei a ser uma miuda completamente normal... já o era, mas as pessoas achavam que não. A partir daí, a maquilhagem faz parte de mim. Não consigo estar sem estar maquilhada. Apesar de nunca me ter preocupado muito com o aspecto ( a não ser naquele ano fatidico do choque ), não há duvida que me sinto muito melhor comigo mesma se me maquilhar. Porque se não gostarmos de nós, quem gostará? 

O Vitiligo nunca me impediu de fazer nada, nem de ter namorado, nem de casar, nem de ter filhos, nem de trabalhar! O vitiligo não nos impede de sermos felizes. O vitiligo é apenas e só um tipo de pele diferente. Há os negros, há os brancos, há os morenos e há... os malhadinhos... uns mais que outros. A descriminação está no olhar dos ignorantes. Se as pessoas olham para mim e para as minhas manchas? Sim. Ás vezes noto que sim... outras se calhar também mas eu nem noto. Eu também olho para outras pessoas que, como eu são malhadinhas... sem qualquer olhar discriminativo. Por curiosidade? E por outra razão que vos vou falar mais tarde mas deixo já uma dica. Cura? Não, não há... Mas há, felizmente tratamentos que melhoram substancialmente o vitiligo. Falo deles mais tarde.

domingo, 29 de março de 2020

Brownie de batata doce e cacau

No primeiro fim de semana da quarentena, depois de ver montes de gente a partilhar receitas e em que parecia que toda a gente tinha virado chefs, resolvi experimentar a receita de uma amiga do grupo das fitgirls, brownie de batata doce. Tinha todos os ingredientes em casa e a receita era daquelas que eu gostava pois era sem gluten, só com farinhas do bem.

-150 gr de batata doce cozida
- 3 colheres de óleo de coco
- 2 quadradinhos de chocolate preto
- 50 gr de açucar amarelo
- 1 ovo
- 50 gr de farinha de aveia ou amendoa
- 70 gr de cacau
-1 colher de café de fermento e uma de canela
- frutos secos a gosto

Cozer primeiro a batata doce e triturar depois com o óleo de coco e o chocolate preto. Juntar o açucar amarelo, mexer bem e depois juntar o ovo, a farinha, o cacau, o fermento e a canela. Mexer tudo muito bem e envolver os frutos secos.

Levar a forno 180 graus, durante cerca de 20 minutos.

Não é um bolo muito doce, pelo menos se for feito como eu fiz com cacau puro. Ainda assim, comeu-se todo num instante.

Quarentena ou Isolamento Social

Estar em casa em isolamento social tem muito que se lhe diga. Passadas agora 2 semanas desta nova dura realidade em que todos tivemos obrigatoriamente de nos adaptar a circunstancias inesperadas e nos vimos forçados a aceitar ficar fechados em casa sem ver as pessoas que mais amamos como os nossos pais, irmãos, sobrinhos e amigos, senti que precisava escrever um pouco sobre o que tem acontecido por aqui.

No trabalho, estou em teletrabalho. Passámos de um dia para o outro de uma realidade em que o teletrabalho era visto como algo perfeitamente inutil e desnecessário para uma obrigatoriedade, numa empresa que estava ZERO preparada para teletrabalho. A minha e tantas outras obviamente, mas a minha, é a minha realidade. Portanto, não foi fácil a adaptação. Ao mesmo tempo, as escolas fecharam e os meus filhos passaram também eles à realidade do online e das videoconferências e da apresentação de trabalhos tudo via digital. Foi duro. Muito duro. Gerir horários, conflitos, chatices, incompetências alheias, stresses, ansiedades. 

Uma semana antes de todo este reboliço começar eu deixei o meu ginásio, já com o prenuncio que mais cedo ou mais tarde ele teria mesmo de fechar. Assim foi, entrei eu nesta quarentena voluntária e os Fitness Huts fecharam. Como aliás tantas e tantas outras coisas.

Foi com surpresa mas uma enorme alegria que percebi que todos estávamos juntos nisto e que todos tentavam dar o seu melhor para que pudéssemos passar esta fase o melhor possível.

E assim, os Fitness Hut, os treinadores e vários outros ginásios aderiram à nova realidade do confinamento em casa e começaram a dar aulas online gratuitamente em várias plataformas como Instagram, Facebook e YouTube. 

Deste modo, só sucumbia à preguiça e ao sofá, quem quisesse pois ofertas não faltavam. Claro que não é a mesma coisa de estarmos todos juntos mas as minhas amigas do ginásio, as tais do grupo das fitgirls do whatsaap, tornaram-se ainda mais unidas e chegadas. Afinal estamos todas no mesmo barco. E assim vamos partilhando treinos, treinando juntas mesmo em casas diferentes, partilhando receitas, desabafos, piadas. 

E assim se passaram 2 semanas. Ainda estamos no principio dizem uns. Quero crer que rapidamente vamos todos voltar a estar juntos. Até lá, vamos aproveitar o tempo em família o melhor que conseguirmos e aproveitar estes escapes que nos são permitidos graças às tecnologias.

Vamos sair disto ainda mais fortes, mais unidos e mais fits. Vai ficar tudo bem.